APOPLEXIA IGNÓBIL
Ninguém parece ter em conta que sem professores motivados não será possível assegurar uma escola pública de qualidade. Hermeneuta que tem conhecimento do ensino sabe que um professor sério, com quatro turmas, cem alunos, trabalha muito, mas muito mais do que 40 horas por semana. De borla! Toda a vida! E a maioria tem cinco ou seis turmas, mais de 150 alunos! Mas não chega, ainda são vituperados. Baixam os salários, cortam subsídios, aumentam o número de horas e, sobretudo, é preciso despedir mais e obrigar os novos escravos pedagogos (gozando, porém, de prestígio e estatuto bem inferiores ao dos seus antepassados) trabalharem mais e mais para substituir os que forem mandados para as minas – defenestração- (os que tiverem sorte). Não há dinheiro!(é perfunctório). E quando não houver educação e ensino de jeito? E professores motivados para a assegurarem? A escola pública de qualidade é que deveria ser considerada um serviço mínimo e uma necessidade social impreterível, não a realização dos exames na data aprazada! Por isso, se não vos interessa a educação dos vossos filhos e netos, a qualidade do ensino que lhes é ministrado, o futuro da escola pública, o futuro do país (será que pensam que à crise é alheia a qualidade do sistema educativo?), mobilizem-se contra os professores e deixem à solta os coveiros da escola pública. E valerá a pena? Por causa de uns dias de atraso na prestação de exames? Da ida para férias uns diazitos mais tarde? Por causa de uma greve que até poderia não ter lugar, acaso todos apoiássemos os professores? Apesar de já estar reformada, em parte por causa da política educativa inaugurada pelo anterior governo e prosseguida pelo atual, não me posso demitir da obrigação de expressar aos professores a minha solidariedade. A luta deles contra o (des)governo é também a dos jovens sem futuro, dos desempregados, dos que partem em busca de uma vida possível, dos trabalhadores da administração pública ameaçados pelo despedimento,