Um bairro moderno
Os "padeiros", a "regateira" são tipos sociais característicos do espaço urbano descrito. Gente do povo, contrastam com a imagem elegante, requintada do bairro burguês. Os padeiros "sobem" "vergando" sob o peso do cabaz a vendedeira, frágil, é obrigada a um trabalho pesado.
* da sexta estrofe em que o criado (um outro tipo social), "do patamar", isto é, de cima, altivo, "muito descansado", em contraste com a vendedeira, "Atira um cobre ignóbil" (hipálage), integrando deste modo no poema a crítica à desigualdade e injustiça social. Para além de que é "sem desprezo" (est. XIV) que o poeta auxilia a "regateira", comungando com ela dum mesmo esforço e tornando-se como que solidário da sua condição. Aliás, a forte consciência da injustiça e de opressão parece ser exclusiva do poeta, pois a rapariga enfrenta-os com a coragem e alegria - "E pitoresca a audaz (...) / O peito erguido, os pulsos nas ilhargas, / Duma desgraça alegre que me incita, / Ela apregoa (...) / As suas couves repolhudas, largas." * Neste texto alternam as referências concretas a elementos objectivos que compõem o espaço (físico e social) e a expressão subjectiva do sujeito lírico. Este não se limita a descrever lugares e personagens. A descrição é com frequência impressionista e aos