Personagens d'Os Maias
Afonso da Maia (cap. I): «era um pouco baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes (…) face larga de nariz aquilino e a pele corada, quase vermelha, o cabelo branco todo cortado à escovinha e a barba de neve aguda e longa». É provavelmente a personagem mais simpática do romance e aquele que o autor mais valorizou. Homem de carácter culto e requintado nos gostos, distancia-se dos valores da educação tradicional, castradora e hipócrita, valorizando os princípios racionalistas e positivistas da verdade, da sinceridade e da cidadania responsável. Enquanto jovem, aderiu aos ideais do Liberalismo e foi obrigado, pelo pai, a sair de casa, instalando-se em Inglaterra. Regressa a Lisboa e casa com Maria Eduarda Runa, mas é exilado de novo e afasta-se da política activa.
Após a morte do filho, dedica a sua vida ao neto, Carlos. Já velho, passa o tempo em conversas com os amigos, lendo, com o seu gato aos pés, opinando sobre a necessidade de renovação do país. É generoso para com os amigos e os necessitados. Ama a natureza e o que é pobre e fraco. Tem altos e firmes princípios morais e morre de uma apoplexia, ao descobrir os amores incestuosos dos netos. Funciona como sustentáculo da família Maia, para quem todos se voltam nos momentos de crise.
Maria Eduarda Runa (cap. I): «uma linda morena, mimosa e um pouco adoentada». Em termos sociais e ideológicos, é o oposto de Afonso, apegada a ideais religiosos e retrógrados – defeitos que transmite ao filho, Pedro, cuja educação entrega ao padre Vasques.
Maria Monforte (caps. I e II): Paradigma romântico da “mulher fatal”, fã dos jogos de sedução, formosa, doida, excessiva. Leviana e nada moral, vai ser ela a origem de todas as desgraças da família Maia. Só se mostra séria e responsável aquando o nascimento de Maria Eduarda.
Pedro da Maia (cap. I): O autor põe em destaque a sua vinculação psicológica ao ramo familiar dos Runa. «… pequenino e nervoso como [a mãe] (…) a sua linda face oval de um