Apologia
1- Análise da obra:
- reflexão relativa à posição pacífica de Sócrates perante a morte [58 e] (objectivo de vida do filósofo) – prazer que o filósofo sente ao livrar-se das correntes, sentimento que pressupunha o anterior (a dor) : referência aos contrários, antecipando o tema dos primeiros argumentos a favor da imortalidade da alma
- reflexão acerca da atitude do homem perante a morte, que progride para uma fundamentação metafísica da imortalidade da alma
- legitimidade ou não do suicídio : proibição de atentar contra a própria vida [61 d] – Sócrates demonstra que aos que consideram a morte um bem superior à vida, é-lhes interdito obterem a morte pelas suas próprias mãos – cada ser humano pertence aos deuses, logo o suicídio é considerado um acto ímpio, já que não foi o Homem que deu a vida a si mesmo (justifica a suposta contradição entre a proibição de atentar contra a vida e o desprendimento de Sócrates perante a morte); a fuga à vida não permite a libertação, apesar de ser o desejo de morte que anima o filósofo
- corpo como prisão da alma, esta só se liberta desta prisão pelo cumprimento da vida terrena, de forma a garantir à alma o mérito de não incarnar de novo – direito à imortalidade
- Cebes conclui que viver é preferível a morrer e que o desejo de Sócrates é irracional
Sócrates justifica-se ao dizer que a morte levaria a alma à presença dos deuses e dos grandes homens que permanecem junto dos deuses, por terem vivido virtuosamente; o filósofo exercita-se durante toda a vida para morrer – procuram o aperfeiçoamento espiritual, pela aprendizagem da libertação dos sentidos e dos elementos corpóreos---- » perspectiva ética
- perspectiva ética na pedagogia socrática (o filósofo rejeita todas as coisas do corpo/conhecimento é um empreendimento moral/poder da alma, de se elevar até ao Bem)
“ o verdadeiro alvo do filósofo (...) se resume: um treino de morrer e estar morto “ [64]
9 mai