Apologia de sócrates
Tentar imaginar o pensamento contemporâneo sem a influência de Platão é uma tarefa quase impossível. Nascido em Atenas em 427 a.C, foi criado em uma família rica e seu verdadeiro nome era Aristocles. Seu primeiro mestre em Filosofia foi Crátilo, que, por sua vez, era discípulo de Heráclito de Efeso, no entanto Platão entrou para a história como um dos mais dedicados discípulo de Sócrates. Sócrates não deixou registros por escrito, e o que temos hoje de acesso ao seu pensamento se deve ao relato de dois de seus discípulos, Platão e Xenofonte. Em seu livro Apologia de Sócrates Platão relata a defesa de Sócrates perante a assembleia que o acusa de investigar indiscretamente as coisas terrenas e as celestes. Sócrates é, portanto acusado, e condenado, por uma das qualidades fundamentais de quem se pretende filósofo: a curiosidade.
Deteremos-nos em comentar o caráter político que a filosofia assume em Apologia de Sócrates e que Platão parece sugerir como competência filosófica em geral. Sócrates tinha por método questionar as premissas sobre as quais as pessoas baseiam seus discursos, obrigando aqueles que desejavam a continuar no diálogo a reforçar seus próprios conceitos. Para o filósofo não importava se seu interlocutor era rico ou influente socialmente mas a consistência de seu discurso. Essa natureza igualitária da filosofia socrática não era interessante à elite ateniense, e em certo modo nunca será interessante a nenhuma elite, porque o filósofo, em tese, ao tentar entender o contexto social e político em que vive o desconstrói filosoficamente, tornando-se uma ameaça ao status quo.
Sócrates chega a dizer em determinado momento, desafiando seus acusadores, que insistirá a filosofar até o momento de sua morte, e que continuará a questionar seus interlocutores desse modo: "Meu caro, tu, um ateniense, da cidade mais importante e mais reputada por sua cultura e poderio, não te pejas de cuidares de adquirir o máximo de riquezas, fama e