Apologia de Sócrates

Apologia de Sócrates
Se, em um tempo antigo, alguém disser: “Sócrates, será que você não pode ir embora, nos deixar em paz e ficar quieto, calado?”, o filósofo pode responder dizendo que esta conduta seria desobediência ao Deus e que, por este motivo, não poderia ficar calado. Acharíamos que Sócrates estaria mentindo e não acreditaríamos. Caso Sócrates afirmasse que a virtude é o bem maior do homem e que a vida não vale a pena viver? Acreditaríamos menos ainda, claro!
Sócrates acabou sendo condenado por este motivo. Os atenienses recebiam pensamentos filosóficos diariamente e era muito difícil convencê-los do que era verdade. A Apologia de Sócrates consiste no discurso do filósofo diante o júri ateniense. Sócrates foi acusado de desrespeitar às leis da cidade e os deuses tradicionais e de corromper a juventude ateniense.
O filósofo recusava-se a apresentar uma defesa que, considerando sua habilidade, poderia livrá-lo da condenação. Porém defende sua liberdade de pensamento e o caráter crítico da filosofia em um desafio ao júri, que acaba por condená-lo a morte.
Em seu discurso, afirma que em pouco tempo os atenienses serão conhecidos e acusados como “assassinos de Sócrates”. Quem quiser difamá-los dirá que Sócrates foi sábio, embora diga que não é. O filósofo não foi condenado por falta de palavras que teria feito o júri não o condená-lo. Foi condenado por falta de cinismo, descaramento e vontade de dizer ao júri tudo aquilo que gostariam de ouvir. Porém Sócrates nunca seria capaz de mentir para livrar-se de seu destino. Isto seria indigno dele. Após tantos feitos, o filósofo preferia encarar a sua condenação ao invés de mentir para sair impune da morte, pois na guerra ou no tribunal, nenhum homem deve tentar escapar de seu destino (no caso, a morte).
Antes de sua morte, Sócrates fez uma profecia aqueles que o condenaram. Em suas palavras:
“...digo-lhes, homens que me executam, que o castigo recairá sobre vocês logo após minha morte, muito mais atroz que o