Análise O Padre e a Moça
Neste trabalho, será realizada a análise de uma sequência do filme O padre e a moça (1965), de Joaquim Pedro de Andrade. A partir desta análise, propõe-se estudar algumas características estéticas da obra e como elas trabalham para a criação da atmosfera da narrativa.
Baseado no poema “O padre, a moça”, de Carlos Drummond de Andrade, o filme se passa em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais e se desenvolve a partir do romance proibido entre Mariana e o novo padre da cidade. Mariana é uma jovem moça que foi criada por Honorato, figura importante e poderosa da cidade, o qual a tomou como amante. Padre Antônio sempre foi contra a união dos dois, mas após a morte dele, Honorato consegue convencer o novo padre a realizar o seu casamento com Mariana. A moça, por sua vez, sente-se atraída pelo padre e vê nele uma alternativa para esse futuro que não a agrada. O padre, que percebe seu próprio desejo por Mariana, passa por um dilema interno que é explorado ao longo da obra.
A obra é permeada por uma atmosfera de aprisionamento, de estagnação dessa cidadezinha que “nunca muda”, onde “todos são conformados”, como posto logo em uma das primeiras cenas. São muito utilizados os planos longos, contemplativos e mais afastados (médios e gerais), que criam distanciamento e lentidão. A narrativa é alongada, com um trabalho maior nos silêncios do que nas ações, de uma maneira tortuosa, condizente com o desenvolvimento da narrativa. Os ambientes retratados apresentam um ar de decadência e atraso, o que reforça a estagnação. Pode-se perceber que a cidadezinha é representada como um espaço incapaz de mudar, onde a tradição e as convenções sociais são colocadas em primeiro lugar – um lugar onde um amor como o de Mariana e o padre seria incapaz de prosperar.
O foco de estudo deste trabalho é a sequência da fuga de Mariana e do padre, que se passa na estrada em direção a Diamantina. Essa sequência