Blog O Marrare
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela; mas não servia ao pai, servia a ela, e a ela só por soldada pretendia.
Os dias na esperança de um só dia passava, contentando-se com vê-la; porém o pai, usando de cautela, em lugar de Raquel, lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que por enganos lhe fora assi negada sua pastora, como se a não tivera merecida,
tornando já a servir outros sete anos, dezia: –Mais servir(i)a, se não fora p[e]ra tão longo(s) a[m]o[r] tão curta vida.
Trata-se de um soneto em que o assunto fulcral é a pertinácia no amor, aqui simbolizada pela narração sucinta da história bíblica de Jacob. Através de um processo singular de adaptação poética em face da fonte de inspiração, onde os elementos menos comovedores, com grande sensibilidade, desaparecem, Jacob representa uma personagem que ultrapassa todas as barreiras a fim de merecer a pessoa que ama.
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Jacob serviu Labão durante sete anos para obter Raquel, que amava, como prémio desse trabalho. Enquanto os dias passavam vagarosamente, o sofrido pastor tinha só o sustento da visão da amada, com a esperança de a alcançar no futuro. Contudo, quando acabou esse longo período, Labão decidiu que Jacob recebesse Lia, outra filha, e não Raquel, tal como era o seu desejo.
Jacob não ficou desiludido e começou a servir Labão durante mais sete anos. As palavras finais do soneto, pronunciadas pela própria personagem emotivamente em estilo directo, manifestam o ânimo firme de Jacob, que exprime que estaria disposto a servir Labão ainda mais tempo para conseguir Raquel.
Sete anos de pastor Jacob servia apresenta, embora só em aparência, um estilo primacialmente descomplicado, sendo esta se calhar uma das causas