Análise do realismo em "O processo"

3º TRABALHO – ANÁLISE DO REALISMO EM "O PROCESSO"

Por
Michael de Araujo Palmieri
Aluno do Curso de Licenciatura em Português-Inglês

Trabalho apresentado à Professora Danielle Corpas, no curso Teoria Literária III, código LEL200.

Faculdade de Letras da UFRJ
1º semestre de 2012

Uma questão sobre o realismo e a necessidade de ordem em "O processo"

Este trabalho visa por seu propósito, ao considerar como é encarado o realismo presente na obra por dois diferentes autores, embarcar no contraste existente na obra entre a aparente falta de sentido e a busca constante de seu personagem principal, Josef K., pela organização constante das coisas, sejam elas materiais ou situacionais. Nesse sentido, torna-se importante observar a geografia presente em O processo, tanto por um viés de proporção da arquitetura apresentada, sempre opressora, como também por um viés de função burocrática dos locais apresentados.
A fim de encaminhar as ideias aqui defendidas, é importante ter em mente a noção de realismo apresentada em Kafka que difere completamente da noção inicial a qual se atribui o termo. Não é, pois, uma reprodução do real tal qual ele se apresenta, mas um foco naquilo que passa despercebido, ou é bem pouco notado, e que é desconsiderado no cotidiano em virtude de um comodismo presente na sociedade. Kafka em suas obras, e principalmente em O processo, busca as minúcias das sensações de injustiça, opressão e até da culpa exercida por fatores externos. Faz isso através da representação exagerada e por vezes incoerente de diferentes situações e lugares para, a partir daí, causar sensações de realidade, que, por ironia, numa representação restrita da realidade como ela se apresenta, não poderiam ser causadas com eficiência no leitor. Tal distanciamento permanente (Löwy, 2005, p. 196) acaba por aproximar o leitor daquilo que realmente importa e da verdadeira opressão que se