Análise do poema “vem sentar-te comigo, lídia”, de fernando pessoa
“Vem sentar-te comigo, Lídia”, de Fernando Pessoa, caracteriza-se como um poema neoclássico de rima irregular e métrica regular, cujos temas principais são a vida, o amor e a morte. O eu-lírico inicia a primeira estrofe invocando Lídia e convidando-a a sentar-se à beira do rio, elemento presente em vários momentos do poema e que simboliza o tempo e o constante movimento da vida. É proposto que os dois (Lídia e o eu-lírico) observem a vida passar e aprendam com ela e sobre ela, mesmo que os dois estejam separados. O último verso da estrofe (“(Enlacemos as mãos.)”) evidencia o desejo de união por parte do eu-lírico, desejo este que não pode (ou não deve) ser atendido. A segunda estrofe expressa um pessimismo típico de Fernando Pessoa ao mostrar a vida como um processo e uma constante incorrigível em direção à morte. Sendo assim, o rio representa a linha da vida, individual a cada um, que “vai para um mar muito longe” (terceiro verso, segunda estrofe), ou seja, a morte. O mar representa, portanto, a própria morte que existe além do horizonte onde toca o céu, lar dos deuses; vai, portanto, “mais longe que os deuses”. O desejo e a justificativa da distância entre o casal são mostrados na terceira estrofe, pois o eu-lírico acredita que tudo tem um fim (“(...) [nós] passamos como o rio”) e, por isso, não vale a pena iniciar um relacionamento amoroso e possibilitar um sofrimento futuro. Essa ideia é reforçada com a estrofe seguinte, onde se diz que qualquer sentimento (amor, ódio, inveja) ou cuidado é vão, pois o destino final é sempre a morte (“(...) se os tivesse o rio sempre correria,/E sempre iria ter ao mar.”). A quinta estrofe indica que o amor deve ser apenas imaginado, idealizado e sentido, mas não vivido. É perceptível o desejo de permanência de uma memória idealizada e bela acerca do amor, pois além de um amor ideal deseja-se certa suavização (“Colhamos flores, (...) e que o seu perfume