Análise do Poema - Sísifo
Ao longo do poema, o sujeito poético tem como interlocutor um “tu” a quem aconselha, apresentando estratégias/normas de vida que o levem à concretização dos seus sonhos e consequentemente a atingir a felicidade.
Esse “tu” pode ser identificado pelo uso de deíticos pessoais de 2ª pessoa (verbos: “recomeça”, “puderes”, “dá”, “alcances”…; pronome pessoal: “te”; e pronome possessivo: “tua”) e corresponde a cada um de nós e, por isso, à Humanidade em geral.
Reconhecendo que a nossa vida está recheada de obstáculos que nos fazem sofrer e muitas vezes a desistir dos nossos objetivos, o poeta, adotando uma postura otimista, incentiva-nos a recomeçar (“Recomeça…”) cada vez que as coisas corram menos bem. No entanto, ele compreende que nem sempre é fácil (“se puderes”) fazê-lo “sem angústia e sem pressa”.
Aconselha-nos, também, a sermos livres, a acreditarmos em nós e nas nossas escolhas, pois são elas que estão na base da construção da nossa vida, metaforicamente representada pela expressão “caminho duro do futuro”, que põe em evidência as dificuldades e os obstáculos que temos que transpor rumo a um futuro que desconhecemos.
Assim, e apesar dessas dificuldades, devemos ser persistentes, buscando sempre, e de forma contínua (“vai colhendo”- conjugação perifrástica), o máximo, a totalidade, a concretização plena dos nossos sonhos (“fruto”; “ilusões sucessivas no pomar”, “sempre a sonhar”).
Além disso, o sujeito poético alerta-nos também para a necessidade de não cedermos ao conformismo (“De nenhum fruto queiras só a metade”; “nunca saciado”), deixando que os sonhos comandem a nossa vida, conotada com uma “aventura”, e vendo a transformação desses sonhos em realidade ou, pelo contrário, em fracasso.
Note-se a ambiguidade do nome “logro” que tanto pode significar “concretização de algo” como “engano”.
Entretanto, o sujeito poético faz um apelo ao “tu” para que se recorde da sua condição humana que o leva a ser insatisfeito e a lutar de forma constante pelos