Análise do Poema Noite
A nau de um d’elles tinha-se perdido
No mar indefinido.
O segundo pediu licença ao Rei
De, na fé e na lei
Da descoberta ir em procura
Do irmão no mar sem fim e a nevoa escura.
Tempo foi. Nem primeiro nem segundo
Volveu do fim profundo
Do mar ignoto à patria por quem dera
O enigma que fizera.
Então o terceiro a El-Rei rogou
Licença de os buscar, e El-Rei negou.
*
Como a um captivo, o ouvem a passar
Os servos do solar.
E, quando o vêem, vêem a figura
Da febre e da amargura,
Com fixos olhos rasos de ancia
Fitando a prohibida azul distancia.
*
Senhor, os dois irmãos do nosso Nome –
O Poder e o Renome –
Ambos se foram pelo mar da edade
À tua eternidade;
E com elles de nós se foi
O que faz a alma poder ser de heroe,
Queremos ir buscal-os, d’esta vil
Nossa prisão servil:
É a busca de quem somos, na distancia
De nós; e, em febre de ancia,
A Deus as mãos alçamos.
Mas Deus não dá licença que partamos.
Análise de Conteúdo: O poema refere –se a ao período dos Descobrimentos. Estão presentes três irmãos neste poema. O primeiro irmão embarcou à descoberta de novas terras mas não regressou, por isso, o segundo irmão foi em sua busca com permissão do Rei. A busca não foi bem sucedida, além do primeiro irmão, o segundo irmão também não regressou. Mas a família não desistiu e o terceiro irmão também tentou ir à procura dos seus outros dois irmão mas o rei não permitiu que mais gente se perdesse naqueles mares desconhecidos, muito menos sendo mais uma possível perda para a mesma família. Os marinheiros continuam a sentir a presença destes irmãos. E olham agora para o mar como algo proibido e com amargura. Ambos os irmãos morreram pela pátria e a ela deixaram o enigma do que realmente lhes acontecera.
A perda destes irmão representou, para os restantes marinheiro, a perda de coragem e ousadia. E são estas caracteríticas que fazem destes marinheiros heróis ao cruzarem mares desconhecidos.
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