A Face Noturna de Antero de Quental.
EMERSON VIANA (Graduando em Letras – Disciplina Lit. Portuguesa)
Nota-se a existência de duas faces nos sonetos de Antero de Quental. Esse trabalho visa analisar sonetos da face noturna de Antero, que diria António Sérgio (1981): “canta a noite, o sonho, a submersão, a morte, as «regiões do vago esquecimento», a dissolução da personalidade e o repouso da alma no Deus transcendente, na humilde fé de obscuras gerações”.
O poema NOX (noite em latim) vem exemplificar a segunda fase de Antero, onde é decorrente em seus poemas ambientes noturnos, angústia, drama íntimo, relacionados à dor, à morte etc. e se encaixa na categoria de soneto.
TEXTO I
Noite, vão para ti meus pensamentos/Quando olho e vejo, à luz cruel do dia,/Tanto estéril lutar, tanta agonia,/E inúteis tantos ásperos tormentos///Tu, ao menos, abafas os lamentos,/Que se exalam da trágica enxovia/O eterno Mal, que ruge e desvaria,/Em ti descansa e esquece alguns momentos///Oh! Antes tu também adormecesses/Por uma vez, e eterna, inalterável,/Caindo sobre o Mundo, te esquecesses///E ele, o Mundo, sem mais lutar nem ver,/Dormisse no teu seio inviolável,/Noite sem termo, noite do Não-Ser!
Leitura do Poema
Como explica Massaud Moisés (1983) existem duas faces na poesia Anteriana, que possuem características bem próprias:
TEXTO II
“A obra literária de Antero, a poética e a em prosa, atesta de modo patente a contínua e sofrida luta de um espírito a procurar-se, a dissecar-se e, contemporaneamente, a desintegrar-se pouco a pouco, até o aniquilamento final. A evolução de seu espírito, através dos marcos literários e filosóficos, testemunha de modo claro esse esvaziamento lento de suas forças, até culminar num espesso ceticismo de profundas raízes. Desse modo duas fases podem marcar-se na trajetória mental de Antero”
A segunda fase da poesia de Antero de Quental mostra seu lado mais introspectivo, angustiado, voltado para os temas de desilusão e obscuridade. Nox, como já foi