Análise do poema “quando à noite no leito perfumado”, de álvares de azevedo.
“Dreams! dreams! Dreams!”
W.Cowper
Quando à noite no leito perfumado
Lânguida fronte no sonhar reclinas,
No vapor da ilusão por que te orvalha
Pranto de amor as pálpebras divinas?
E, quando eu te contemplo adormecida
Solto o cabelo no suave leito,
Por que um suspiro tépido ressona
E desmaia suavíssimo em teu peito?
Virgem do meu amor, o beijo a furto
Que pouso em tua face adormecida
Não te lembra no peito os meus amores
E a febre de sonhar da minha vida?
Dorme, ó anjo de amor! no teu silêncio
O meu peito se afoga de ternura
E sinto que o porvir não vale um beijo
E o céu um teu suspiro de ventura!
Um beijo divinal que acende as veias,
Que de encantos os olhos ilumina,
Colhido a medo como flor da noite
Do teu lábio na rosa purpurina ,
E um volver de teus olhos transparentes,
Um olhar dessa pálpebra sombria,
Talvez pudessem reviver-me n’alma
As santas ilusões de que eu vivia!
Nesse poema, é grande o número de metáforas referentes ao comportamento e às ações do eu lírico, o que torna a sua análise bastante complexa. Para o início da análise, vale salientar que o ele é iniciado pela epígrafe “Dreams! Dreams! Dreams!”, por W. Cowper, que tem o papel de resumí-lo ou introduzí-lo. Considerando que esta frase introdutória representa o seu tema, consideraremos que as ações e os objetos são por ela retratados.
Postado diante do leito perfumado onde a sua idealizada mulher se deita, o eu-lírico a observa e, vacilante, pousa-lhe um beijo na face. Podemos observar que o ele se decepciona ao perceber que a mulher que observa, o seu objeto de adoração era simplesmente ilusão, mas, ao mesmo tempo, ele prefere continuar a ser iludido a observar a realidade. O leito perfumado que é citado no pode ser interpretado como um caixão, cujo perfume estaria nas flores sobre ele. Com essa interpretação, podemos dizer que a mulher está morta, e é ela o seu objeto de desejo. Ela, sem vida, de olhos transparentes e