Análise do poema: "aqui na orla da praia"

534 palavras 3 páginas
Analisemos o poema estrofe a estrofe: Aqui na orla da praia, mudo e contente do mar,
Sem nada já que me atraia, nem nada que desejar,
Farei um sonho, terei meu dia, fecharei a vida,
E nunca terei agonia, pois dormirei de seguida. O sujeito poético coloca-se à beira mar. A sua presença, "na orla da praia", simboliza a meu ver o fim da terra e o começo do mar/o fim de uma vida e o início de uma outra realidade. O sonho é a fronteira entre as duas vidas, entre as duas existências. Ele próprio admite que passará apenas a existir na vida em sonho, porque já sabe que nada conseguirá alcançar na vida "fecharei a vida”. Este sono é, porventura simbólico, mas simboliza a verdadeira morte da vida, para o início de uma outra vida, apenas sonhada. A vida é como uma sombra que passa por sobre um rio
Ou como um passo na alfombra de um quarto que jaz vazio;
O amor é um sono que chega para o pouco ser que se é;
A glória concede e nega; não tem verdades a fé.
Nesta estrofe, Fernando Pessoa, considera-se um “falhado” porque as ideias mais revolucionárias dele não encontravam eco na realidade e também porque não conseguiu alcançar todas as coisas importantes na vida, como o amor e a glória. Por isso na orla morena da praia calada e só,
Tenho a alma feita pequena, livre de mágoa e de dó;
Sonho sem quase já ser, perco sem nunca ter tido,
E comecei a morrer muito antes de ter vivido. Nesta estrofe, a própria existência de Pessoa passa a ser indefinida. Ele sente que desaparece lentamente da vida, como se dissolvesse diante dos nossos olhos. Fernando Pessoa de facto isolou-se de todos os outros em seu redor e portanto viu a sua desistência de viver, como se fosse um suicídio imaginado, mas com consequências bem reais. Dêem-me, onde aqui jazo, só uma brisa que passe,
Não quero nada do acaso, senão a brisa na face;
Dêem-me um vago amor de quanto nunca terei,
Não quero gozo nem dor, não quero vida nem lei.
Nesta estrofe, Pessoa, pretende dizer que

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