Análise do livro: Calabar (Resumo)
Sinopse
A peça relativiza a posição de Domingos Fernandes Calabar no episódio histórico em que ele preferiu tomar partido ao lado dos holandeses contra a coroa portuguesa.
Vivia o Brasil sob a opressão do regime ditatorial militar, e era comum o uso das metáforas nas produções artísticas a fim de, por um lado, burlar a censura rigorosa do sistema (sendo popular a figura de Armando Falcão, militar encarregado dessa tarefa canhestra) e, por outro, denunciar a situação atual.
Chico Buarque foi um mestre no uso dessas figurações: e o episódio histórico do traidor Calabar, comum em todos os livros didáticos como um dos maiores exemplos de perfídia - serviu de mote para justamente questionar a chamava versão oficial.
Na peça, Domingo Calabar passa de comerciante que visava o lucro e que, por isto, traíra os portugueses e colonos brasileiros - para um quase herói, que tinha por objetivo não o ganho pessoal, mas o melhor para o povo brasileiro (na verdade um conceito ainda inexistente, no século XVIII).
A intenção dos autores, porém, não era denunciar um erro histórico, nem tinha a pretensão de promover uma revisão: o alvo era, justamente, o próprio Regime militar, sua censura, os veículos de comunicação que, engessados pelas versões dos fatos sempre acordes com o sistema, passavam ao povo imagens que precisavam ser questionadas em sua veracidade.
----
Não gosto, não gosto mesmo, de começar uma leitura com muitas expectativas. Atrapalha muito. E foi o que aconteceu com Calabar. Por ser do Chico Buarque, esperei algo mais atemporal. Não, não estou falando que a peça é ruim. Mas é datada, o que atrapalha um pouquinho o prazer da leitura. De qualquer forma, não me senti perdendo tempo ao ler a peça: dificilmente sentirei que perdi tempo com alguma obra do Chico Buarque, creio eu.
Para quem ainda não sabe, Calabar foi um senhor de engenho na capitania de Pernambuco que resolveu se aliar aos holandeses quando estes invadiram o nordeste do