Análise de um quadro de debret

A pintura acima foi feita pelo pintor e desenhista francês, chamado Jean-Baptiste Debret. Foi nomeada “Os refrescos da tarde no Largo do Palácio” e produzida, em 1826, com a técnica de aquarela sobre papel nas dimensões de 15,5 x 21,4 cm. Hoje se encontra no Acervo dos Museus Castro Maya, no Rio de Janeiro. A imagem mostra uma cena do cotidiano da época, onde pode se observar escravos de ganho vendendo doces em tabuleiros, água em jarras conhecidas como moringas, entre outros produtos, para comerciantes e transeuntes. O artista retrata bem as diferenças de classes através das vestimentas, que são de graus praticamente opostos para cada grupo. Os escravos, por exemplo, utilizam roupas mais largas, que não se adequam perfeitamente aos seus corpos. As moças escravas, no entanto, para resolver esses problemas sobrepõem as vestes com fitas e panos, conferindo-lhes uma imagem sem desleixo. Outra característica desses vendedores, que tinham a oportunidade de comprar a carta de alforria com parte do dinheiro acumulado nas vendas, são os pés descalços. Enquanto os comerciantes, guardas e transeuntes estão todos muito bem vestidos, com sapatos e chapéus, além das roupas que, obviamente, lhes serviam perfeitamente. Alguns destes até possuíam uma bolsa presa à cintura, para guardar objetos e pertences. Essas diferenças mostram em que patamar da sociedade cada um deles se encontrava. Podemos também facilmente identificar na paisagem o cais e o chafariz do Largo do Paço, onde diversos navios estavam ancorados provavelmente para fazer a descarga e a recarga de produtos. Ao longe, outros escravos se reuniam ao redor do chafariz para recolher água. E em primeiro plano, alguns animais repousam, brincam e passeiam, enquanto um guarda observa com uma expressão repressora o escravo vendendo água. Todos esses traços detalhados existem porque Debret, como pintor da Corte, tinha a responsabilidade de interpretar visualmente e registrar o momento em que viviam, o momento de mudança