Análise de conversa
O que leva dois interlocutores de linguagens distintas a manterem um diálogo? É algo difícil, uma vez que os falantes não se entendem e dessa forma tendem a se guiar por pontos em comum, palavras por ele conhecidas ou familiares.
O arquivo de áudio chamado “conversa de doido” traz uma australiana tentando conversar com uma doméstica brasileira, mas até que ponto isso é possível? Há marcas no discurso que mantém uma relação de interação, mesmo que distorcida, entre os interlocutores.
A empregada doméstica se guia pelo nome proferido pela australiana “Rosana” e através daí inicia uma conversa, acreditando que a informação buscada é se a mesma “Rosana” se encontrava em casa no momento. Ou seja, tem-se um ponto comum às duas participantes da conversa. No entanto, somente isso não é suficiente para manter uma conversa por quase três minutos. Há uma colaboração mútua entre as partes, cada uma a seu modo tenta explicar e ser eficiente na transmissão de informações.
Ao longo da conversa percebe-se que a empregada responde às perguntas baseando-se no que pensa ter ouvido, baseia-se em frases parecidas com aquelas a que está acostumada a ouvir. O diálogo vai se mantendo baseado em palavras que ambas as partes conhecem, “Rosana”, “Australia”, “Neyda”. A interação chega ao ponto em que a australiana repete as palavras da empregada “hoje” e “noite”, isso mostra o reforço e esforço da linguagem, a empregada quer dizer a sua interlocutora que a “Rosana” só estará em casa à noite e de certa forma isso parece ser entendido pela australiana.
O que contribui para o fluxo do diálogo é em grande parte a tentativa de fornecer informações e de obter a eficácia informativa de ambas as partes, mantém-se uma cordialidade, mesmo não havendo o entendimento pleno. Na verdade a busca pelo entendimento é que mantém o diálogo, faz com que os interlocutores tentem se