Análise de Clara dos Anjos
Este trabalho pretende demonstrar as impressões obtidas pela aluna Kamilla Oliveira Soares após ler o romance Clara dos Anjos, escrito pelo grande autor pré-modernista Lima Barreto, apontando as críticas políticas e sociais presentes no livro, as características nacionalistas e realistas, ainda que diferente do machadiano. Por fim, apresenta-se uma comparação entre a época de escrita da obra e os dias atuais.
Clara dos Anjos é, amplamente, uma crítica social. Pode até mesmo ser considerada “’literatura militante’, inclusive no que se refere à luta pela expressão” (IANNI, 1988, p. 6). Nessa obra, Lima Barreto demonstra várias de suas insatisfações pessoais com a sociedade brasileira e denuncia práticas racistas, entre outras muitas.
O livro foi concluído em 1922. O Brasil havia deixado de ser um país de cultura escravista há apenas 34 anos, e as condições de vida dos negros no País eram difíceis. O governo não chegou a providenciar formas para que os ex-escravos pudessem ser integrados ao mercado de trabalho, de forma assalariada e formal. Além do preconceito, que foi mantido não apenas no âmbito econômico. Em suas situações financeiras difíceis, os negros (juntamente com os estrangeiros) se aglomeravam nos subúrbios.
Clara dos Anjos se passa em um subúrbio do Rio Janeiro. A pobreza do bairro é notada em vários trechos do livro e pode ser exemplificada no trecho abaixo:
“A rua em que estava situada sua casa desenvolvia-se no plano, quando chovia, encharcava e ficava que nem um pântano; entretanto, era povoada e se fazia caminho obrigado das margens da Central para a longínqua e habitada freguesia de Inhaúma. Carroções, carros, auto-caminhões que, quase diariamente, andam por aquelas bandas a suprir os retalhistas de gêneros que os atacadistas lhes fornecem, percorriam-na do começo ao fim, indicando que a tal via pública deveria merecer mais atenção da edilidade.” (CLARA DOS ANJOS, 1997 p. 24)
Percebe-se que nem