ANÁLISE DA OBRA O PRIMO BASÍLIO
Ao escrever “O Primo Basílio”, Eça de Queiroz volta-se para a capital de Portugal, a fim de sondar e analisar as mazelas daquela sociedade e, para isso, enfoca um lar burguês aparentemente feliz e perfeito, mas com bases falsas e igualmente podres. A criação de seus personagens denuncia e acentua o perfil da família lisboeta. Sendo assim, a obra acaba servindo como arma de combate social, visto que, o autor oferece uma crítica demolidora e sarcástica dos costumes da pequena sociedade de Lisboa, para que a burguesia — principal consumidora dos romances nessa época — ver-se no romance e encontrasse nele seus defeitos analisados objetivamente, para, assim, alterarem seus comportamentos. Eça de Queiroz ataca uma das instituições consideradas mais sólidas: o casamento; com a intenção de denunciar as imperfeições da família burguesa, maquiadas com status e “valores da época”. Com personagens despidos de virtude, situações dramáticas, sentimentos fúteis e mesquinharias, casos amorosos com motivações vulgares e medíocres, Eça permite que o leitor reconheça a realidade e consequências das atitudes de cada personagem, atitudes essas, frutos da ideologia que predominava até então.
Focando-se na personagem Juliana, encontramos um ícone, usado pelo autor como objeto de denúncia da exploração, da miséria e das condições deploráveis da classe proletária. A personagem representa “o povo dos bastidores”, que trabalham em troca de um teto para morar e o pão de cada dia ou, como no caso específico de Juliana, na expectativa de melhorarem de vida. Juliana era uma exceção ao padrão feminino subalterno, ela desejava muito mais, aspirava mesmo à condição burguesa e todas as suas vantagens e comodidades. Dantas (1999) salienta que em vez de Juliana recusar o modo de vida burguês, afinal lhe era inalcançável, ou ainda em vez de ridicularizá-lo, como algo que não lhe diz respeito, conforme procediam as mulheres de sua classe social, ela se deixava