Análise da letra construção chico buarque
A letra foi composta em versos dodecassílabos, que sempre terminam numa palavra proparoxítona. Os 17 versos da primeira parte (quatro quartetos, acrescidos de um verso-desfecho) são praticamente os mesmos dezessete que compõem a segunda parte, mudando apenas a última palavra. Os arranjos são do maestro Rogério Duprat, em uma melodia repetitiva, desenvolvida inicialmente sobre dois acordes. A música, entretanto, tem harmonia bem mais complexa.
A canção foi feita em um dos períodos mais severos da ditadura militar no Brasil, em meio à censura e à perseguições políticas. Chico Buarque havia retornado da Itália em março de 1970, país onde vivia desde o início de 1969, ao tomar distância voluntária da repressão política brasileira.
Letra e Música
Em um formato tipicamente épico, "Construção" narra a história de um trabalhador da construção civil morto no exercício de sua profissão, em seu último dia de vida, desde a saída de casa para o trabalho ("Beijou sua mulher como se fosse a última") até o momento da queda mortal ("E se acabou no chão feito um pacote flácido").
O narrador observa, organiza e comunica os acontecimentos, ocorridos numa história circular, cantada em melodia reiterativa e que modifica o ângulo de observação a cada repetição da letra com a troca de comparações ("Ergueu no patamar quatro paredes sólidas/mágicas/flácidas"), mas que no final encaminha para o mesmo fim, uma morte.
A letra contém uma forte crítica à alienação do trabalhador na sociedade capitalista moderna e urbana, reduzido a condição mecânica - intensificado especialmente por seus atos no terceiro bloco da canção ("máquina", "lógico"). Quando esse