Análise: abaporu (1928), de tarsila do amaral
O ambiente histórico era o mais perfeito para a obra, vivia-se o Modernismo, movimento estético que sacudiu as artes plásticas, a literatura, a música e outras manifestações artísticas em todo o mundo, e no Brasil mais precisamente a partir da década de 20.
Toda essa efervescência cultural e principalmente a incrível relação amorosa e intelectual com Oswald de Andrade, fizeram a mente artística de Tarsila criar uma obra fantástica.
Do tupi-guarani, Abaporu significa homem que come carne humana. Publicada na Revista Antropofagia, em 1928, o quadro foi o marco para que Oswald criasse o Movimento Antropofágico, radicalmente primitivista, e escrevesse o Manifesto Antropófago, em maio de 1928. Basicamente, a intenção era de deglutir a cultura estrangeira e transformá-la em algo nacional.
Basicamente, a tela mostra um gigante solitário, pés monstruosos, sentado em um terro verde, o braço dobrado num joelho, a mão sustentando o peso da cabeça minúscula. Em frente do “monstro” tem uma flor saindo de um cacto.
A pintura possui elementos de re-leitura da obra "O Pensador” de RODIN, na pose de segurar a cabeça com a mão. É fácil notar que Tarsila valoriza o trabalho braçal - devido ao corpo grande - e desvaloriza o trabalho mental – visto a cabeça pequena - na obra, pois na época o trabalho braçal possuía maior impacto. O pé grande da figura também representa a intensa ligação do homem com a terra.
A Obra também possui muitos traços surrealistas, a linguagem é poética, com impressões de loucura, sonho... Outro detalhe interessante é a forte característica brasileira, retratada principalmente na presença das cores da bandeira