Antropologia e cinema
No inicio do filme um letreiro explica que a exibição que se inicia é um filme-experimento e que procura criar uma linguagem totalmente cinematográfica, rompendo com a herança e a influência do teatro e da literatura. A princípio, o filme é quase um documentário com pessoas indo e voltando do trabalho e o movimento das pessoas nas ruas. A junção entre imagem e som é de grande importância no filme, proporcionando mais vida aos acontecimentos. O homem com a câmera vai além do documentário rodado na rua, fora das fábricas, vilas, etc. Ele é o próprio objeto do olho da investigação, examinando o ato de mover-se, organizar suas ferramentas ou simplesmente filmagens. Talvez esta seja também a razão pela qual este filme é o marco da carreira de Vertov.
O filme não tem legendas, caminhado contra as convenções mais simples e bem estabelecidas de cinema mudo. Mas o grande trunfo do filme reside em sua análise da linguagem do cinema, em sua reveladora exposição do processo. O filme trata, assim, dos truques, desafios e perigos do homem por trás da câmera. Vertov pára as imagens, colocando-as em câmera lenta, fazendo com que elas corram, tudo para expressar as possibilidades infinitas da filmagem. O trabalho de Dziga Vertov foi fundamental para o desenvolvimento do cinema direto nos anos sessenta e das técnicas de filmagem com câmeras leves com som síncrono. Seis anos após sua morte, o cineasta francês Jean Rouch adotou a teoria de Vertov em suas produções do cinema verdade.
Vertov reflete a experiência de anos de documentários de propaganda segundo a qual o filme deveria ser uma ferramenta para servir o povo. Outro quesito bastante questionado na
produção de Vertov são os princípios éticos que estiveram por detrás da criação deste documentário. A câmera oculta a falta de consentimento informado das suas personagens.
Para Ribeiro,
.A cidade e o cinema são os temas centrais