ant lobo
O romance é narrado por cada um dos irmãos, Francisco, homem amargurado que deseja tirar todos os bens que restam da família quando a matriarca morrer; Beatriz, mulher também amargurada, com um filho e dois casamentos fracassados; João, homossexual que se encontra à noite com garotos de programa; Ana, jovem que se envolveu com drogas e Rita, morta muito cedo por decorrência de um câncer. A mãe, em seu leito de morte também narra seus devaneios, delírios, lembranças e também o que acontece no presente. O pai também narra suas peripécias com o jogo, que foi um dos motivos principais da falência financeira da família, e também há o relato de Mercília, a empregada que descobre-se no final que também fazia parte da família, é uma bastarda que a vida inteira foi criada como empregada para manter as aparências.
Este longo e complexo relato de múltiplas vozes trata basicamente da dissolução financeira e moral de uma família portuguesa, mas poderia ser ambientada em qualquer lugar do mundo. É uma situação universal que por meio de lembranças e devaneios a quinta da família ou sua casa em Lisboa formam um microcosmo da sociedade moderna.
Durante todas as narrativas do romance há uma pergunta que faz uma espécie de costura entre as vozes da família, que é o proprio título, que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar? Essa pergunta é um eco de um tempo distante que aparentemente parece um delírio, um sonho, e é esse tom onírico que é mantido até o final do romance.
O significado do título, a uma primeira leitura, remete à infância de Beatriz,