Anorexia infantil
Copyright © 2003 by Sociedade Brasileira de Pediatria
Anorexia Infantil
Introdução
Transtornos alimentares são comuns em pediatria e podem fazer parte de etapas do desenvolvimento normal da criança em direção a sua independência. A queixa “não come” é tema quase que central nas consultas pediátricas. A estratégia de abordagem, se por um lado é simples, por outro é difícil de ser adotada quando um transtorno maior já se instalou, pois implica em mudanças de comportamento e na dinâmica familiar.
Quando ouvimos a palavra anorexia a primeira imagem que pensamos é de uma mulher extremamente magra que chegou a esse ponto em uma busca exagerada pelo "corpo perfeito", certo? Mas saiba que existe outro tipo de anorexia que atinge crianças e tem motivos bem diferentes.
Comportamento alimentar evolutivo da criança
No primeiro ano de vida, a criança se relaciona com o mundo por via oral. A alimentação representa uma relação de afeto entre ela e a mãe. E, durante o aleitamento materno exclusivo, é o bebê quem determina o horário das mamadeiras e o intervalo entre elas. Essa prática está sendo compreendida melhor pelos pais.
A partir dos 6 meses, há a necessidade de se complementar o aleitamento materno com outros alimentos, que devem ser introduzidos de maneira lenta e gradual. Alguns autores referem que a criança é capaz de determinar a quantidade adequada de alimento a ser ingerido de acordo com a sua necessidade, bem como estabelecer o intervalo entre as refeições. A quantidade da porção será proporcional ao intervalo de tempo entre elas.
Em torno de 9 meses, quando surge uma nova demanda por autonomia, pode aparecer a recusa alimentar, concomitantemente aos acessos de fúria. Ao final do primeiro ano e ao longo do segundo ano de vida, a criança apresenta uma diminuição do apetite conhecido como anorexia fisiológica, até porque existe uma