Anorexia
NERVOSA?
"I was trying to resolve something, trying to prove something and through the language of my symptoms to say something". ( Mac Leod apud Scazufca, 1998)
Muitos foram os autores psicanalíticos que se dedicaram ao estudo da anorexia nervosa a fim de compreendê-la e melhor defini-la, embora sua conceituação não pertença
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ao campo psicanalítico. Assim, diante da possibilidade de olhá-la a partir de diferentes ângulos, nortearemos este capítulo partindo da pergunta: Se a anorexia nervosa não é um conceito psicanalítico, o que a psicanálise pode dizer sobre ela? Atualmente constatamos que as contribuições da psicanálise acerca da anorexia têm muito a nos informar e podem ser encontradas sob enfoques teóricos diversos, confirmando a impressão de estarmos diante de um mosaico quando nos debruçamos sobre o estudo desta questão. Isto se deve em parte à complexidade que a anorexia nervosa parece nos sugerir e, sobretudo, à íntima interação entre o somático e o psíquico que ela apresenta.
Há, aproximadamente, cem anos a literatura científica a respeito da anorexia nervosa passou a reconhecer a contribuição do psiquismo e a implicação do sujeito no desenvolvimento da anorexia nervosa. A psicanálise havia sido criada recentemente e avançava progressivamente, enquanto a anorexia, enquanto objeto de estudo e interesse psicanalítico, se legitimava aos poucos. Foi, principalmente, a partir dos anos trinta que alguns autores procuraram lançar luz sobre a problemática anoréxica, apresentando diferentes interpretações para o sentido, significado e aspectos centrais que estariam aí implicados (Abuchaim et al., 1998). Desta forma, os primeiros trabalhos psicanalíticos sobre a anorexia nervosa foram publicados no período que abarca as décadas de trinta a cinqüenta, enfatizando a importância da oralidade e seus significados simbólicos na
dinâmica