Anhaguera
Lúcia e Maria eram duas grandes amigas, quase parentas, sempre que acontecia algo com uma sempre era contado para a outra. Namoro que uma começasse logo se contava a outra. Algum beijo era logo contado a outra.
Aconteceu que um dia, no ano de 1868, estavam as duas na janela da casa de Lúcia olhando quem passava na rua, quando João dos Passos passou por lá.
João dos Passos era um rapaz de vinte e tantos anos, estatura regular e barba raspada. Tinha uma elegância natural e naquele dia tinha acabado de comprar uma calça nova .
João fitou as duas moças na janela com sua luneta de vidro só, enquanto as duas moças discutiam para saber para qual ele olhava.
As duas olhavam para João dos Passos e ele podia ver claramente isto.
Ao virar a esquina João tirou o lenço do bolso e deu um adeus para as meninas com ele. As duas ficaram brigando para saber quem ficaria com ele.
As duas meninas falavam de João de Passos quando ele passou outra vez, e Mariquinhas disse a Lúcia:
-Vamos amanhã na minha casa na rua do Príncipe.
Lúcia deu um beliscão em Maria por ela ter dado um jeito de falar onde morava.
Depois de alguns dias sem aparecer João apareceu na frente da casa de Lúcia e de Mariquinhas, e as duas se gabaram achando que ele havia escolhido uma delas.
Alguns dias se passaram do mesmo jeito, João dos Passos enviava cartas praticamente iguais as duas meninas e elas lhe respondiam com cartasigualmente amorosas, enquanto, na verdade, gozavam de perfeita saúde.
João dos Passos não sabia o que queria com aqueles namoros, mas continuava a levá-los.
João dos Passos achava que estava muito bem com aqueles namoros, mas as duas meninas só faziam zombar dele.
Sempre que estavam juntas zombavam de seu andar, de seu jeito e de outras coisas.
Mas as duas cometeram um erro, o pior de todos.
Este erro foi ter uma dito para a outra que João dos Passos havia parado de escrever-lhe, sendo isto, é claro, mentira. Ambas achavam que João não escrevia mais para a