anemia falciforme
Doença de caráter genético, freqüente, mas não exclusiva,em indivíduos de origem africana, é originada por uma mutação no cromossomo 11 que resulta na substituição de um ácido glutâmico pela valina na posição 6 da extremidade N-terminal na cadeia ß da globina, dando origem à hemoglobina S . Essa substituição é causada pela troca da timina por adenina . Os eritrócitos cujo conteúdo predominante é a hemoglobina S assumem, em condições de hipóxia, forma semelhante à de uma foice. Daí o nome falciforme, decorrente da polimerização da hemoglobina S.
A valina, quando em baixa tensão de oxigênio, interage com receptor fenilalanina (beta-85) e leucina (beta-88) na molécula de hemoglobina S. Isso desencadeia a formação de polímeros (nucleação), o que leva ao alinhamento e alongamento de fibras, na forma de um eixo axial no interior da célula (forma de foice). OBS: a formação de polímeros depende de 3 variáveis independentes: grau de desoxigenação, concentração intracelular de Hbs e presença ou ausência de hemoglobina fetal (Hbf).
Uma importante alteração da hemácia na anemia falciforme se deve à perda do seu poder deformatório, fato que lhe impossibilita transpor o menor diâmetro dos capilares da microcirculação. A perda da elasticidade da célula deve-se ao incremento da concentração de HbS intracelular, resultando no aumento da viscosidade no citosol, à polimerização da HbS e à rigidez da membrana. Estes fatores, associados a uma maior adesão do eritrócito falcizado ao endotélio, mediada pelo complexo de integrina, trombospondina, fator de von Willebrand e fibronectina, favorecem a formação de trombos na micro e na macrocirculação. A ocorrência de vasoclusões, principalmente em pequenosvasos, representa o evento fisiopatológico determinante na origem da grande maioria dos sinais e sintomas presentes no quadro clínico dos pacientes com anemia falciforme, tais como crises álgicas; crises hemolíticas;