Analise
Preocupação mística religiosa
Luan aqui tem a melhor interpretação que eu achei.
Apesar do nome esse poema há um elogio da matéria e a reconciliação desta com os anseios do espírito.
No plano discursivo, vemos que a esfera material não é mais associado ao círculo do demônio, sendo enfocado o seu componente cosmogônico, afirmando a importância do papel da matéria na concretização do mundo planejado e criado por Deus: "A matéria pensa por ordem de Deus, / Transforma-se e evolui por ordem de Deus". Na verdade, a matéria não se oporia ao espírito, pois, de acordo com o poema: "A matéria variada e bela / É uma das formas visíveis do invisível". Ou seja, no fundo não há divisão entre a substância material e a espiritual, as duas são formas diversas de uma mesma substância universal. Essa idéia de "substância universal" provém do monismo filosófico, o qual determina que há uma profunda unidade em meio a multiplicidade do mundo fenomênico.
Murilo Mendes faz uma intextualidade com esse poema. "Poema Espiritual" o poeta reconhece a presença da sensualidade em toda a parte da Igreja, pois esta seria um instrumento pelo qual Deus desenvolve todas as potencialidades da matéria: "Há grandes forças de matéria na terra no mar e no ar/ Que se entrelaçam e se casam reproduzindo / Mil versões dos pensamentos divinos". A matéria, presente nos elementos terra, água e ar, tem no elemento fogo, o gerador de seu movimento. A atração das partículas uma pela outra, tem uma natureza absolutamente sexual que se desenvolve até chegar a conjunção carnal entre o homem e a mulher. No verso “Cristo, dos filhos do homem és o perfeito”, percebemos a homenagem ao mito fundador da religião cristã, no qual a figura de Jesus representa o próprio amor de Deus ao encarnar na Terra através de seu filho: “De fato, Cristo para ele foi sempre a encarnação dicotômica Deus-homem, mistério essencial em que fundaria os ciclos definidores de sua poesia”.
O eu lírico