Analise queixa de defunto - lima barreto
Esta obra tem muitos objetivos além de se tornar uma fonte de consulta contara a historia de Antonio da Conceição um homem religioso, cumpridor dos seus deveres para com a sociedade, com a Igreja, com a família e as tradições. Sempre fez tudo certo, jamais molestou ninguém, nunca teve inveja de nada, nem de ninguém. Enfim jamais teve qualquer ambição na vida até que morreu indo para o inferno cumprir uma penitência a qual não tinha motivos. A única coisa que ele desejava era realizar seu oficio de lustrador de moveis com tranquilidade e honestidade. Julgando-se inocente e injustiçado ele escreve uma carta ao prefeito da sua cidade protestando. Diz ele em sua carta que ao chegar ao céu, assustado com seu aspecto São Pedro perguntou por que ele estava todo machucado e arranhado, com escoriações. Tomou uma bronca porque mesmo depois de morto brigou antes de ser enterrado e possivelmente machucou algum morto. Não teve tempo de explicar, não sabia o que falar e assustou-se com a situação. Então foi sentenciado a descer ao inferno. Prossiga com esta obra para que possa obter melhores conhecimentos.
1. CAPITULO 1
1.1. QUEIXA DE DEFUNTO
Antônio da Conceição, natural desta cidade, residente que foi em vida, a Boca do Mato, no Méier, onde acaba de morrer, por meios que não posso tornar publico, mandou-me a carta baixo que é endereçada ao prefeito. Ei-la:
Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Doutor Prefeito do Distrito Federal. Sou um pobre homem que em vida nunca deu trabalho às autoridades públicas nem a elas fez reclamação alguma. Nunca exerci ou pretendi exercer isso que se chama os diretos sagrados de cidadão. Nasci, vivi e morri modestamente, julgando sempre que o meu único dever era ser lustrador de moveis e admitir que os outros os tivessem para eu lustrar e eu não.
Não fui republicano, não fui florianista, não fui costodista, não fui hermista, não me meti em greves, nem em cousa alguma de reivindicações e revoltas; mas morri na