Analise juridica de dom casmurro

Rascunho.01 - Dom Casmurro Segunda-Feira, 18 de Fevereiro de 2013 ! Na obra “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, o enredo literário é consoante às práticas jurídico-legais da época. O julgamento moral de Bentinho em relação ao suposto adultério de Capitu traz semelhanças a obra “Otelo”, de William Shakespeare, em que Bento se associa a Otelo quanto à questão do ciúmes e Capitu, a Desdêmona , também suspeita de traição. ! A análise feita por um observador externo, ou leitores, é comprometida pela falta de depoimento pessoal da ré, Capitu, em relação a acusação que lhe aflige. Não havendo nenhuma cena que comprove a infração, permanecendo, unicamente, a suspeita infligida pelo depoimento pessoal do acusador. ! Neste cenário de ficção jurídica-literária, Bentinho realiza papel de advogado de acusação e vítima. À época da obra, o rígido patriarcalismo que englobava as relações interpessoais, se estendia do ambiente familiar para os juízos sociais. Por este, devese entender que a figura centrada no homem, excluía a mulher de direitos legaispessoais concedidos a outra parte. ! Neste contexto, a ré se vê intimada a responder com sua liberdade às querelas alegadas pela vítima, sem direito a um contraponto, réplica-argumentativa ou quaisquer outras formas de defesa que lhe permita refutar as acusações que a afligem. ! Como se não basta-se em não garantir a Capitu a possibilidade de que todas as conclusões silogísticas, cabíveis ao entendimento do real ocorrido, fossem auferidas ao caso, Bentinho também executa papel de Juiz. Empregando, assim, uma sentença com base não na lógica investigava, mas nas impressões pessoais e suspeitas que obteve de sua coexistência com a ré. ! Por fim, a justiça que é conferida a vítima que fora submetida a alguma penúria é executada pelo próprio Bentinho, ao exilar Capitu em outro país. Este, então, como vítima, advogado de acusação, juiz e carrasco é, por definição, a própria lei; fazendo com que se deixe a realidade dos fatos à mercê das impressões