ANÁLISE DO POEMA : " ACROBATA DA DOR " Ao iniciar a leitura do poema, o título imediatamente desperta a atenção do leitor: quem seria este “Acrobata da Dor”? O poema se inicia com dois verbos no imperativo: “Gargalha, ri...” (verso 1), com os quais o “eu-lírico” provavelmente se direciona ao leitor, sugerindo que este assuma, perante a vida, um posicionamento de ânimo e alegria. Cabe mencionar, entretanto, que ao final do poema o leitor acabará percebendo que estes verbos não são direcionados a ele, leitor, mas sim ao “Acrobata da Dor”, revelado ao fim da leitura. A comparação que segue no verso 2: “Como um palhaço...” revela mais uma sugestão do “eu-lírico”: mostrar alegria, assim como o palhaço, um artista capaz de manter essa alegre postura artística mesmo nos momentos conflituosos e tristes da vida. Além disso, os termos opostos à alegria que caracterizam tanto o palhaço: “desengonçado” (verso 2), “nervoso” (verso 3), quanto o seu riso: “riso absurdo, inflado de uma ironia e de uma dor violenta” (versos 3 e 4) evocam a essa capacidade do artista de mascarar seus sentimentos de dor para transmitir a alegria. A 2ª estrofe mostra-se uma continuidade da comparação feita no verso 2. Nesse quarteto, o “eu-lírico” explicita algumas atitudes artísticas do palhaço: “Da gargalhada atroz, sanguinolenta,/ Agita os guizos...”, (versos 5 e 6 ) e ainda: “...e convulsionado/Salta, gavroche, salta, clown...” (versos 6 e 7). Nota-se que estes versos são dispostos com inversão da ordem direta. Ainda na 2ª estrofe, observa-se que no verso 7 o “eu-lírico” de dirige ao “palhaço” através dos termos estrangeiros “gavroche”, palavra francesa que significa “os garotos de Paris” (Ramos, 1961:169), ou seja, no sentido conotativo, artista; e “clown”, proveniente do inglês, “palhaço” (Vallandro, 1997: 57). Esta dupla utilização de termos que remetem ao artista palhaço, enfatizando o aspecto artístico do mesmo, é destacado ainda mais pelos verbos