Analise blade runner
Desde que W.D. Griffith realizou The Birth of a Nation em 1915, o cinema tem demonstrado ser uma manifestação artística cuja principal característica é a possibilidade de uma confluência e uma convivência de linguagens. Essa condição de ponto de cruzamento entre diferentes linguagens faz do filme um dos objetos mais interessantes e ricos para o estudo dos processos de produção de sentido. A "linguagem cinematográfica" é muitas ao mesmo tempo e é também uma e una em toda sua especificidade de forma artística principal do século XX. Quantas formas diferentes de manifestação e produção de sentido podemos detectar em 2001 - A Space Odissey de S. Kubrick, ou no Citzen Kane de O. Welles? É bem verdade que esses exemplos indicam criações cinematográficas que representam marcos para a história do cinema e que, portanto, são objetos privilegiados para qualquer estudo que pretendesse compreender as formas de manifestação de sentido, exemplos indiscutivelmente óbvios do que afirmamos.
É exatamente sua condição de semiótica sincrética e complexa que faz do filme um objeto de análise que requer estratégias especiais de leitura e análise. Nesse sentido, deve-se tentar buscar uma metalinguagem que consiga abarcar todas as articulações e meandros de significação que o texto fílmico apresenta. Este trabalho tentará oferecer algumas sugestões no sentido da realização de uma metalinguagem de leitura e, talvez principalmente, de crítica do texto fílmico. Para tanto, nosso ponto de partida será o excelente estudo de BALOGH (1985), acerca do nível superficial da narrativa no filme Blade Runner de R. Scott. Por meio das questões levantadas por essa análise, procederemos à discussão de alguns aspectos que nos parecem indispensáveis para que o estabelecimento de procedimentos de leitura crítica da criação cinematográfica que possam efetivamente elucidar a produção de sentido em qualquer filme. Valendo-se das estratégias de análise narrativa