Anabolizantes
Uma das facetas que tem caracterizado a sociedade de consumo contemporânea é a crescente importância atribuída à aparência corporal. Nas últimas décadas, o corpo tornou-se alvo de uma atenção redobrada com a proliferação de técnicas de cuidado e gerenciamento dos corpos, tais como dietas, musculação e cirurgias estéticas. Homens e mulheres investem cada vez mais tempo, energia e recursos financeiros no consumo de bens e serviços destinados à construção e manutenção do invólucro corporal. Por outro lado, alguns estudos mostram que em paralelo ao culto ao corpo tem aumentado a insatisfação das pessoas com seus corpos, assim como o consumo das chamadas "drogas da imagem corporal", entre as quais se incluem os esteróides anabólicos androgênicos ou anabolizantes 1.
Os anabolizantes são substâncias sintetizadas em laboratório, relacionadas aos hormônios masculinos (androgênios). O consumo destas substâncias produz efeitos anabólicos, como o aumento da massa muscular esquelética, e efeitos androgênicos ou masculinizantes. O aumento do consumo não terapêutico dos anabolizantes, especialmente entre a população jovem, tem sido relatado por pesquisadores em vários países 2,3,4,5,6 constituindo-se em crescente problema de saúde pública. As altas taxas de consumo de esteróides entre os jovens apontam para uma mudança no perfil dos usuários. O uso de anabolizantes, que antes era restrito a atletas e fisiculturistas, popularizou-se entre os jovens não atletas que passaram a utilizá-los para fins estéticos. Segundo Evans 4, dois terços dos usuários de anabolizantes são praticantes recreativos de musculação.
Nos Estados Unidos, estimativas recentes indicam a existência de 3 milhões de usuários. De 2,7% a 2,9% dos jovens adultos americanos usaram anabolizantes pelo menos uma vez em suas vidas 4. Outros estudos mostram que 4% a 6% dos estudantes do sexo masculino do Ensino Médio (high school) admitem ter usado anabolizantes em algum momento de suas vidas e que o uso por