Anabell
Por: Senioritat
Anabell, bela Anabell
Que dos olhos cintilantes
Nos lembram o mel
O que se passa, linda menina? Em sua pouca idade toma expressões desalentadas. Sorrir e brincar fazem parte de viver, não sabes?
Seu andar cabisbaixo mostra como andas a fazer arte. Seus cabelos degradados, caem tortuosamente sobre o seu pequeno corpo, mas suas pequenas mãos se ocupam em carregar uma boneca preciosa.
Ah, evoluída Anabell, ainda possui a criança em seu interior.
Onde pensa que vai? Atravessa as ruas com essa calmaria. Os motoristas não podem lhe enxergar, anjinho.
Você ainda é muito pequenina.
Sua mãe lhe abandonara à sorte, mas seus tios que cuidam de ti devem estar preocupados. Não é um bom momento para se voltar para casa?
Anabell, descuidada Anabell
Que das madeixas douradas
Nos lembram um véu
Não lembra o caminho de volta? O que a fez andar tanto? Pobre garotinha esta Anabell. Gira e desdobra os calcanhares, e em seus orbes amendoados surgem pequenas gotas salsas. Estás chorando? Vamos, não se acanhe linda menina. Ponha-se a andar novamente, pois de nada poderei lhe ajudar.
Sua sombra passa a se tornar mais esguia, pois a noite começa a tomar conta do espaço. O beco escuro por onde arrasta os seus pezinhos, é carregado de um odor estranho.
Oh, olhe Anabell, um homem está a seguir você!
Mas não se assuste, ele pode querer brincar... espere, brincadeiras não começam com puxões de cabelo.
Suas lindas madeixas douradas se encontram enroscadas nos dedos ásperos do desconhecido. Ah, casta Anabell, não chore por isso. Ainda podemos comprar bonecas!
Afinal você largou a sua no chão sujo.
Quando os seus soluços cessarem, pergunte-o a causa de sua risada estridente. Apenas não ajoelhe, pois pode sujar o seu lindo vestidinho cor de sonhos.
Vejo que direcionou o olhar ao homem, quer compartilhar o que está sentindo?
Medo? Angústia? Nojo?
Garanto que deve estar aprendendo a nunca mais andar sozinha pelas ruas