An Lise Poema Peregrina O
Instituto de Letras e Comunicação
Disciplina: Literatura Brasileira Contemporânea I
Prof. Mayara R. Guimarães
Prova Final:
Poema – Peregrinação de Manoel Bandeira
Peregrinação
Quando olhada de face era um abril
Quando olhada de lado, era um agosto
Duas mulheres numa: tinha o rosto
Gordo de frente, magro de perfil.
Fazia as sobrancelhas como um til;
A boca como um o (quase). Isto posto,
Não vou dizer o quanto ame. Nem gosto, De me lembrar, que são tristezas mil.
Eis senão quando um dia... Mas, caluda!
Não me vai bem fazer uma canção
Desesperada, como fez Neruda.
Amor total e falho... Puro e impuro...
Amor de velho adolescente... E tão
Sabendo a cinza e a pêssego maduro
(Manuel Bandeira)
Observa-se no poema “Peregrinação” de Manoel Bandeira a descaracteriza da mulher configurada, anteriormente, a imagem de mãe. Em bandeira, essa nova mulher passa a emergir sua sensualidade e plenitude. É importante ressaltarmos o rompimento com a perfeição do corpo feminino, ocorre em bandeira à subversão do real pela deformação voluntária. No poema em análise nota-se no 1ª estrofe:
Quando olhada de face era um abril
Quando olhada de lado, era um agosto
Duas mulheres numa: tinha o rosto
Gordo de frente, magro de perfil.
O autor refere-se aos meses de abril e agosto, referido em nosso calendário através dos números 4 e 8, ao formato do corpo feminino. Número x corpo feminino convenciona-se para representar a imagem da mulher bandeiriana do poema “Peregrinação”. No terceiro verso, “Duas mulheres numa: tinha o rosto”, ressalta o contraste pertencente e refletido no corpo feminino. Esse contraste, característico do poeta, pode ser notado nos números, 4 e 8 , ambos são duplo de 2 e pertencem, na matemática, ao mesmo denominador comum, na escolha dos meses Abril e agosto, além de pertencerem ao mesmo campo semântico estão em posição equivalente a estruturas paralelas, e na dualidade entre gordo/magro, puro/impuro e velho/adolescente. No entanto,