Amor: remédio para a angústia que nasce conosco no momento em que nascemos
POR MAURICIO NOVAIS1
A palavra angústia tem sua origem no idioma latino sob o termo “Angustus”, que significa basicamente “estreito”, “apertar”, “afogar”. Conforme explicita
Giovanetti, esse termo advém de um hábito de vida do ser no espaço, exprimindo uma restrição da existência, o que origina a clássica expressão “aperto no peito”, resultado de uma inquietação inexprimível, portanto, uma angústia.
Deste aperto, isto é, sentimento de desamparo, desconforto e impotência, nasce, conforme veremos em seguida, o amor, ou pelo menos um sentimento de apego ao qual nos habituamos a chamar de amor. Há que se esclarecer que o parto é o primeiro registro conflituoso por que a criança impreterivelmente passará. Desse conflito, metaforicamente, decorre-se a ruptura e, posteriormente, a expulsão do paraíso. Portanto nesse momento nasce a angústia fundamental do ser humano: o desejo de ser acolhido.
No princípio, o alvo desse desejo é a mãe. Lacan postula que a angústia é primeiramente um afeto especial que "tem estreita relação de estrutura com o que é um sujeito". Portanto, o desejo afetivo da criança faz com que ela se aproxime da mãe a fim de “curar-se” da angústia, ou seja, buscar mecanismos que minimizem seu sofrimento inconsciente decorrente da ruptura empreendida pelo trabalho de parto, fazendo com que ela recorra ao artifício do desejo para obter gozo de seu mal-estar fenomenológico através da sucção e do contato físico com a mãe. Desta forma, o desejo vem atrelado à angústia, porque desde muito cedo os processos psíquicos inconscientes asseveram que somente o gozo poderá colocar fim à existência da angústia fundamental da condição humana que é a necessidade intrínseca de sentir-se aceito, amado. Decorre de tudo isso posteriormente relações edipianas extremamente encarnadas nas necessidades psicofisiobiológicas que acompanharão o sujeito até a idade adulta. Assim, “o corpo e o