Amor cortês
O papel do amor cortês e dos jograis na Educação da Idade Média: Guilherme da Aquitânia (1071-1127) e Ramon Llull (12321316)
Ricardo da Costa (Ufes)
Est enim amicitia nihil aliud nisi omnium diuinarum humanarumque rerum cum beneuolentia et caritate consensio; qua quidem haud scio an, excepta sapientia, nihil melius homini sit a dis immortalibus datum. Cícero, DE AMICITIA, 20, VI. A amizade não é senão uma harmonia entre todas as coisas, tanto divinas quanto humanas, acompanhada pela benevolência e a estima; creio que, realmente, à exceção da sabedoria, não há nada melhor que ela, das coisas outorgadas pelos deuses imortais ao gênero humano.
Uma civilização não se alicerça em uma cultura somente com a educação formal, das escolas. Para que o papel das instituições se concretize, é necessário que, antes, haja um fermento, uma ebulição cultural, baseada primordialmente naquele desejo pessoal e íntimo de melhorar, de se melhorar. Sem essa alavanca, não há esforço bem sucedido; sem esse élan, sem esse gérmen, sem esse preparo do terreno, não há semeadura que brote, que desabroche e que frutifique a partir da terra. A Idade Média viu florescer esses dois movimentos que se fundiram na Educação. De um lado, na raiz, o persistente trabalho institucional dos clérigos e monges da Igreja Católica preservou o conhecimento antigo e a tradição educacional das sete artes liberais, remodeladas na caritas cristã, nos mosteiros e escolas, e, posteriormente, no original fruto dessa bela árvore, as universidades. De outro, a iniciativa secular, visível aos historiadores nos movimentos culturais, que podem ser percebidos, principalmente, a partir do fim do Império Carolíngio, com o fracionamento do poder naquilo que costumamos chamar de feudalismo, e a difusão das cortes principescas, pólos de poder, mas,