Amizade 1
Extratos dos Livros VIII e IX da obra Ética a Nicômaco de Aristóteles
Nota: Reuni neste polígrafo algumas das principais passagens dos livros que Aristóteles, em sua obra Ética a Nicômaco, dedica-se a pensar a questão da amizade. Nestes dias tão conturbados pela ganância de uns e outros, pela falta de tempo, pelo atropelo dos dias, pelo fato de que o proveito e do ganho, a utilidade e o dinheiro, muitas vezes parecem ser valores mais importantes que a própria amizade, parece-me relevante dedicarmo-nos a pensar, por um momento, o conteúdo e o sentido da amizade, da verdadeira amizade. As reflexões de Aristóteles permanecem, ainda hoje, fontes inspiradoras fundamentais para pensarmos a amizade. “O mairo de todos os bens exteriores.” - Celso Candido
Livro VIII
De forma que essas amizades [por utilidade] são apenas acidentais, pois a pessoa amada não é amada por ser o homem que é, mas porque proporciona algum bem ou prazer. (...) se uma das partes cessa de ser agradável ou útil, a outra deixa de amá-la.
Os que são amigos por causa da utilidade separam-se quando cessa a vantagem, porque não amavam um ao outro, mas apenas o proveito.
Por conseguinte, quando o que se leva em mira é o prazer ou a utilidade, até os maus podem ser amigos uns dos outros, ou os bons podem ser amigos dos maus, ou aquele que não é bom nem mau pode ser amigo de qualquer espécie de pessoa; mas por si mesmos, só os homens bons podem ser amigos.
A amizade entre os bons, e só ela, também é invunerável à calúnia, pois não damos ouvidos facilmente às palavras de qualquer a respeito de um homem que durante muito tempo submetemos à prova.
(...) a natureza parece acima de tudo evitar o doloroso e buscar o agradável.
Mal se pode dizer, no entanto que sejam amigos porque não passam os dias juntos nem se deleitam na companhia um do outro; e estas são consideradas as maiores marcas da amizade.
Não se pode ser amigo de muitas pessoas no sentido de ter com elas uma amizade perfeita, assim