Ambiental
Situações determinadas no âmbito das relações entre saúde, trabalho e ambiente são fortemente influenciadas pelo nível de desenvolvimento de uma nação1. À medida que um país avança em uma escala de desenvolvimento econômico e social, a dimensão local dos problemas de saúde e ambiente originados nos processos produtivos é superada, tornando mais evidentes situações de ordem regional e global2, como os acidentes de trabalho, os acidentes industriais ampliados, as contaminações transfronteiriças e a exposição dos grupos populacionais humanos a contaminantes químicos, entre outros3,4.
O Brasil é um país em desenvolvimento e, como tal, convive com situações-problema intermediárias entre o padrão "desenvolvido" (próprios dos países da União Européia e dos Estados Unidos, entre outros) e o "não-desenvolvido" (próprio dos países com desenvolvimento tardio, como alguns do Leste Europeu e da Ásia e grande parte do continente africano3. Assim, ao mesmo tempo em que ainda enfrenta graves problemas de ordem local (saneamento, qualidade da água para consumo e a prevalência de doenças infecto-parasitárias), passa a lidar com situações-problema características de países mais desenvolvidos, como aumento na incidência de doenças crônico-degenerativas, aumento dos casos de acidentes de trabalho, contaminações/acidentes químicos ampliados, etc.1. Tal fato coloca a necessidade de se considerar os problemas de saúde e ambiente enfrentados pela população do campo dentro do processo de desenvolvimento do país5, sobretudo no que diz respeito às formas de organização do trabalho rural6.
Antes de qualquer outra questão, torna-se necessário, aqui, definir o que se entende por rural. No Brasil, o termo rural é mais frequentemente utilizado em contraposição a urbano. Nessa visão, segundo o IBGE7, "são classificadas como área urbanizada aquela legalmente definida como urbana caracterizada por construções, arruamentos e intensa ocupação humana; as áreas afetadas por transformações