Amazônia
AMAZÔNIA: 140 ANOS DE ESCRAVIDÃO
Os primeiros 70 anos de colonização e escravização (1616-1686) foram sintetizados nos capítulos precedentes: a agricultura indígena praticada durante muitos séculos, voltada para atender as necessidades dos povos amazônicos e baseada, sobretudo, na produção de mandioca e milho, foi substituída por outros produtos que interessavam ao mercantilismo europeu, como o açúcar, o tabaco e o algodão, exportados para
Portugal, e logo em seguida as chamadas "drogas do sertão".
Para realizar tal substituição, foi necessário modificar as relações de produção, expropriar as terras dos índios e obrigá-los a fornecer um trabalho forçado. As sociedades indígenas, milenares, foram destruídas e em seu lugar foi montada uma sociedade colonial dividida entre índios explorados e colonos exploradores. O resultado foi o extermínio de centenas de milhares de índios e a alteração do equilíbrio ecológico da floresta amazônica. Durante o período que se segue (1686-1755), novos produtos agrícolas passaram a ser explorados. Além dos três já citados, o café entra como produto de exportação a partir de 1731. Quanto às "drogas do sertão", a Amazônia começa a produzir e a exportar o cacau selvagem, o cravo, a canela do mato, a salsaparrilha, a baunilha, a tinta de urucum, o anil e o óleo de copaíba.
Colonos, missionários e funcionários da Coroa, organizavam expedições à floresta para coletar estes produtos, havendo uma média de 300 canoas por ano indo aos "sertões" em busca de drogas, exigindo um mínimo de 6.500 índios remeiros para pilotá-las.
Ainda que não se lenha dados precisos sobre a quantidade de produtos enviados da Amazônia para Portugal, Manuel Barata afirma que eles foram significativos, com base na "Gazeta de Lisboa", que periodi41
camente anunciava a chegada de navios super carregados de "drogas" e de produtos agrícolas.
A coleta predatória e a ausência de preocupação com esgotamento das "drogas do sertão",