Amazonia
– A parcela de UCs é insignificante se considerarmos que menos de 1% dos campos naturais permanecem conservados no sul da América do Sul e que cerca de 60% dos campos foram devastados. A disparidade entre a perda de hábitat e as iniciativas para a sua conservação faz com que os campos do globo sejam a porção terrestre mais ameaçada do planeta – alerta Carla Fontana, responsável pelo setor de Ornitologia do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS.
Mas o que se perde? Mato? Capim? Um patrimônio ambiental que sequer é reconhecido na Constituição Federal? A concepção, justamente, de que o Pampa não passa de um monótono manto verde está na raiz do processo de destruição.
– Os campos que se estendem principalmente do Paraná ao Rio Grande do Sul, no Brasil, no Uruguai e Argentina, sempre foram relacionados somente à produção (agricultura, pecuária etc.), em vez de vistos como ambiente que abriga espécies animais e vegetais únicas e que presta importantes serviços ecossistêmicos – diz Carla.
Esse tipo de preconceito contra o fenótipo de uma paisagem, algo como "julgar o livro pela capa", é também apontado por Valdir Stefenon, professor do Departamento de Biotecnologia da Universidade Federal do Pampa (Unipampa).
– Por ser um bioma mais composto por áreas de campo, sem a exuberância da floresta, acaba sendo negligenciado