Amar
TENNESSEE WILLIAMS
A humanidade é uma grande esperança perdida. Cada homem está trancado dentro de si mesmo e sua alma é semelhante a um poço onde só o sofrimento vive e se agita. Solidão, loucura e marginalidade são os destinos das criaturas que se corrompem no dinheiro e no desejo – carcereiros da alma. Não há liberdade fora da morte. A vida é violência e ritual antropofágico. Os únicos companheiros do indivíduo são o medo e a solidão. E, para eles, não há remédio; conseqüentemente, não há cura. Foi a partir dessa terrível visão de mundo que Tennessee Williams escreveu quase toda a sua obra. Pessimista e moralista, ele não consegue enxergar seu semelhante como alguém capaz de engendrar uma nova sociedade – menos atraente, talvez, mas com sentimentos e valores menos condenáveis. Suas personagens são criaturas tristes e solitárias: bêbados, poetas vagabundos, operários humilhados, mulheres reprimidas, homossexuais atordoados pela perseguição, atores sem papel, damas decadentes, virgens loucas, prostitutas feridas. Sem exceção, um mesmo estigma os tortura: estão sós. Sua dramaturgia caracteriza-se como uma longa e penosa confissão solta no tempo e no espaço. Acreditando que a natureza humana é basicamente corrompida e miserável, ele juntou ao pessimismo filosófico uma neurose pessoal que nem a psicanálise conseguiu arrefecer. Mas se as personagens pertencem ao mundo dos marginais e dos doentes, também são fruto da mais sincera compaixão humana. Assim, o público sempre recebeu seus dramas de braços abertos. Os recalques apresentados no palco purgam os espectadores de seus próprios recalques: nas neuróticas criaturas, cada um projeta a sua própria neurose. No entanto, se essa confissão obsessiva tornou Tennessee Williams cúmplice do público, ela conseguiu separá-lo da crítica. Os críticos o julgaram várias vezes como um autor superficial,