Aluno
Petrópolis: Vozes, 2003.
O corpo é produzido na e pela cultura, e nesse contexto deve ser analisado, rompendo com a abordagem naturalista na pesquisa científica e revelando seu caráter histórico. O corpo não é universal ou a materialização de um dado natural, é particular e mutável, referido às representações culturais das sociedades, enquanto produção de significados, em seu período determinado de desenvolvimento. Os discursos produzidos e reproduzidos sobre o corpo também são históricos, econômicos, sociais, étnicos, etc. Goellner utiliza a concepção discursiva de Foucault que considera o discurso como um conjunto de enunciados referentes a saberes articulados entre si, historicamente construídos em meio a disputas de poder (p. 28).
Dessa forma, o corpo é a sua materialidade, seu significado, seus adornos, seu entorno e as respectivas imagens e discursos socialmente produzidas. As representações sobre o corpo são construídas, também, pela linguagem que não apenas o reflete, mas o produz culturalmente. Os ideais de corpo belo, bom e verdadeiro, saudável, entre outras, não são universais, mas variáveis na história. O corpo, ao longo da existência, recebe marcas dos processos sociais (socialização primária, secundária, profissional) e os produtos culturais diversos registram sua trajetória no tempo e no espaço. O corpo manifesta, muitas vezes de modo sutil, o que somos e como existimos. Na cultura contemporânea, o corpo apresenta uma centralidade, dada a gama de representações e de produções materiais relacionados ao corpo. O autor destaca os aspectos dos produtos e serviços da indústria da beleza e da saúde relacionados ao corpo, à sua produção, cuidados, libertação e controle.
Para o estudo do corpo, foram elaborados os referenciais teóricos e políticos dos Estudos Culturais