aluno
Noite. Estávamos ambos à varanda…
A doce voz de Rosa num arrulho de amor, tremente e branda murmurava uma súplica extremosa…
Beijamo-nos a medo, furtivamente, como namorados.
Depois quase em segredo, entre os protestos mais apaixonados,
Rosa, a sorrir, falou-me em casamento.
Fitei seus belos e gentis contornos, tendo seu corpo do meu corpo junto,
Ia dizer-lhe: “sim”… Nesse momento, erguendo os olhos para o firmamento, vi da lua minguante os finos cornos…
Vi… tratei logo de mudar de assunto.
Comentários:
Interessante ver nesse poema de Medeiros e Albuquerque o tom cômico que o poeta emprega na construção dos versos. O uso desse humor difere-se totalmente da poesia, geralmente lúgubre, que marcou boa parte da obra desse autor que é considerado um pré-simbolista.
O primeiro verso, bastante sintético no que tange ao espaço, situa o casal que dará um beijo às escondidas. Essa primeira estrofe, que prepara um tom de mistério, salta aos olhos do leitor que pensará que os versos de “Presságio” falarão, unicamente, dum amor nos moldes românticos.
A segunda estrofe explicita que trata-se dum caso, de facto, bastante escondido que ainda não se tornou um namoro. Na estrofe subsequente, o eu-lírico seduzido pelas palavras e pelo belo corpo de Rosa (nome que coaduna bem com a sedução que é proposta no início dos versos) pensa em desposá-la. Porém, ao ver a lua que lhe serve de presságio, isto é, alerta-o para uma possível traição, ele desiste de contrair núpcias.
O verso final, um verso branco, dá todo o tom de comicidade ao