Alimentação
Estudos têm demonstrado que a reação a alguns alimentos pode ser comparada ao uso de drogas. Comida também dá barato: pratos ricos em sal, gordura e açúcar liberam dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de felicidade e bem-estar. Como acontece com as drogas (heroína, por exemplo), é preciso aumentar a ingestão de alimentos ricos nestas substâncias para manter a experiência de prazer. Ou seja, se um pedaço de chocolate provoca deleite, uma barra amplificará a sensação, e logo não será mais suficiente.
Não é exagero comparar comida a droga: não conseguir parar de comer ou de evitar guloseimas, pensar insistentemente em comida, torná-la uma amiga, usá-la para preencher um vazio; priorizar o momento da utilização, no caso, refeições e lanchinhos; e, no final, perder o controle sobre o consumo, levando a vergonha, culpa e solidão. O mecanismo é tão similar que já há pesquisadores trocando os termos dieta e reeducação alimentar por reabilitação alimentar, numa clara alusão a vício.
O ganho de peso começa com variações de 1kg, 2kg, 3k, aumentando progressivamente, se nada for feito. O alarme toca quando a roupa parece encolher, há desconforto ou alguém comenta a mudança física. A atitude a ser tomada dependerá de vários fatores, desde as características de personalidade e do momento por que passa a pessoa. Frustração, raiva e tristeza, decorrentes de situações que testam a todos, serão enfrentadas de acordo com a estrutura psicológica e emocional de cada um.
Se comida é droga, a abstinência dela pode matar, como nos casos de anorexia nervosa; assim como o abuso, como nos casos de obesidade mórbida. De formas diferentes, ambas fazem sucumbir o coração, órgão símbolo do amor e do afeto. E, no final das contas, volta-se ao começo, o cuidado de si mesmo, a responsabilidade pelo próprio bem-estar. E as respostas para as dores e dúvidas emocionais não estão em um pacote de biscoito, uma fatia de pizza, um pote de sorvete.
Comer é bom,