Africa na Idade Media
Antes do estabelecimento do comércio europeu na bacia do Atlântico Sul e no oceano Índico, entre os séculos XV e XVI, a escravidão ocupava um espaço importante nas sociedades da África Subsaariana. Os escravos eram utilizados no interior das sociedades, nas funções de criados, soldados e concubinas, mas também eram vendidos no comércio realizado com o Saara, o Egito e o Índico.Entretanto, a maior parte das sociedades africanas praticava a escravidão doméstica, caracterizada como uma forma de dependência pessoal. Em se tratando de pequenas comunidades, a escravidão servia para sustentar o número de componentes da família ou da linhagem., que, em média, tinha de um a quatro escravos. Em sociedades com características urbanas, como a dos iorubás e a dos hauçás, havia mais escravos do que naquelas basicamente rurais.
A principal fonte de escravos era a guerra. Os derrotados tinham, em particular, suas mulheres e crianças tornadas cativas.Os reinos de Canem e depois o de Bornu acometiam, desde o século IX, os povos ao sul do lago Chade para escravizá-los. Reinos como Gana, Mali, Songai, os hauçás e reinos fulos de Futa Toro e Futa Jalom atacavam os inimigos logo após a época das colheitas, matavam os idosos e os homens que sobreviviam e capturavam mulheres e crianças, unindo-as pelo pescoço com um instrumento chamado libambo ou uma corda.
Além da guerra, os sequestros eram comuns. A escravidão poderia ser também imposta como castigos penais por assassinato, adultério e roubo. Respaldado em seu poder, um rei, um chefe ou mesmo um membro da família de maior respeito, tornava escravo alguém que lhe contrariasse ou ambicionasse um bem. Para se saldar uma dívida ou adquirir um empréstimo, não raro uma pessoa da própria família era entregue a outra comunidade para ser escravizada. Além disso, a fome, em consequência das grandes secas ou da perda da colheita por invasão dos gafanhotos, por muitas chuvas ou por incêndios, obrigava, para garantir a