AFIXOS
CONTO: “A CARTOMANTE”
O início do conto se da com uma conversa entre as personagens Camilo e Rita, fazendo uma intertextualidade com a obra de Shakespeare “Hamlet”.
Este conto mostra a visão pessimista da vida, do mundo, abolindo o final feliz (pessimismo schopenhauer). O autor faz uma análise psicológica das contradições humanas, jogando com insinuações em que misturam a malícia e a ingenuidade. Estes elementos, a malícia e a ingenuidade, aparecem com a personagem principal Camilo, que é mostrado como ingênuo e inexperiente: “[...] Camilo era um ingênuo na vida moral e prática. [...] Nem experiência, nem intuição”. Ao longo do conto, Camilo adquire experiência e perde a sua inocência.
A linguagem é sóbria , mas não despreza detalhes necessários para uma análise a fundo da psicologia humana. O leitor se envolve pela oralidade da linguagem, pois o conto é cheio de conversas que o narrador estabelece com o leitor (digressões), já que é narrado em 3ª pessoa (heterodiégetico), o que o transforma o leitor em cúmplice e participante do enredo (metalinguagem): “— Desculpa, não pude vir mais cedo; que há?” Há a presença onisciente do autor, o uso constante de uma voz onisciente é importante para dinamizar o relato da história, acentuando os momentos dramáticos do texto e conflitos internos das personagens.
Este conto apresenta traços marcantes da obra machadiana, que se destacam pela profundidade psicológica em que se submetem as personagens. As inquietudes humanas são traços predominantes que se realçam.
Os aspectos externos como tempo cronológico, espaço e paisagem, são vistos apenas como pontos de referência, sem ganhar um destaque maior.
Olhando pela “janela do tempo”, este conto nos remete a dois contextos diferentes, o passado e o presente. Passado, pois na época em que a obra foi publicada os valores morais eram rígidos, “a luz” da ditadura militar, presente pois estes mesmos