Afirmação dos direitos humanos

Comentários ao texto “A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos” (Comparato, F.K.).

“Ninguém – nenhum indivíduo, gênero, etnia, classe social, grupo religioso ou nação – pode afirmar-se superior aos demais” (uma “radical igualdade”) A afirmação de um ideal, possivelmente mesmo uma utopia. Uma crença que deveria se materializar no respeito aos direitos humanos universais. Afinal, estes direitos são universais exatamente porque existe uma universalidade de iguais. Mas é fácil afirmar e repetir a crença na igualdade, pois além de simpático, é politicamente correto. Entretanto, quando passamos para o mundo dos fatos, quantas atitudes e até mesmo comentários parecem contradizer a suposta crença de muitos. Por isso, perguntamos: Será que realmente a maioria das pessoas crê naquilo que afirma? Comecemos perguntando a alguém numa entrevista de emprego porquê ele merece o posto ou cargo e um outro não, ou porquê merece um salário maior do que os seus pares. O mundo competitivo logo irá revelar as verdadeiras crenças de muitas pessoas, talvez a maioria delas. Mudemos agora o papel do personagem, que agora é o empregador. Sabemos que a concretização da igualdade e dos direitos humanos universais exige uma série de observâncias, dentre as quais “remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana”. Perguntemos então: por quê remuneramos as empregadas domésticas com no máximo um salário mínimo ou por quê os diferentes governos remuneram tão mal os professores, apesar de todos afirmarem suas crenças nos direitos humanos e na valorização do trabalhador doméstico e dos professores? Esses exemplos bastam para ilustrar o questionamento inicial. Mas multipliquemos os questionamentos, advindos de observações banais dos nossos cotidianos. Talvez eles, mais do que as nossas juras, possam revelar no que acreditam milhares e milhares de pessoas em nosso entorno, e no que acreditamos nós mesmos.

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