Afinal de contas, o que é argumentar?
Argumentar, como vimos, não é tentar provar o tempo todo que temos razão, impondo nossa vontade. Aqueles que agem assim não passam de pessoas irritantes e quase sempre mal-educadas. Argumentar é, em primeiro lugar, convencer, ou seja, vencer junto com o outro, caminhando ao seu lado, utilizando, com ética, as técnicas argumentativas, para remover os obstáculos que impedem o consenso.
Argumentar é também saber persuadir, preocuparse em ver o outro por inteiro, ouvi-lo, entender suas necessidades, sensibilizar-se com seus sonhos e emoções. A maior parte das pessoas, neste mundo, só é capaz de pensar em si mesma. Por isso, o indivíduo que procura pensar no outro, investir em sua auto-estima, praticamente não enfrenta concorrência. Argumentar é motivar o outro a fazer o que queremos, mas deixando que ele faça isso com autonomia, sabendo que suas ações são frutos de sua própria escolha.
Afinal, as pessoas não são máquinas esperando ser programadas. Persuadir é ter certeza de que o outro também ganha com aquilo que ganhamos. É saber falar menos de si e do que se quer, e mais do outro e do que é importante para ele.
Argumentar é também saber dosar, ”na medida certa”, o trabalho com idéias e emoções.
A ”medida certa” é gastar mais tempo em persuadir do que em convencer. Uma boa proporção é utilizar trinta por cento do tempo convencendo e setenta por cento persuadindo. 5. José Sarney, ”O Homem e o Sábado”, Feãa de S. Paulo, 12.9.1997, p. 1-2.
Certa vez, presenciei uma cena interessante no salão de vendas de uma concessionária de veículos. Um jovem vendedor atende um cliente interessado em um carro de luxo. Abre a porta do veículo e lhe pede que veja os comandos, o computador de bordo, o ar condicionado eletrônico. A seguir, destrava o capo, para mostrar-lhe o motor. Ao dar a volta em torno do carro, porém, o cliente lança um olhar sobre uma das rodas dianteiras do automóvel e comenta:
- Que roda mais feia! Como